"Não ia me submeter": Bolsonaro explica por que se recusou a passar faixa presidencial a Lula

Por Redação em 10/06/2025 às 18:04:45

Foto: G1 - Globo

Durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) explicou por que decidiu não participar da cerimônia de posse do presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva (PT) em 1Âș de janeiro de 2023. "Não passei [a faixa] porque não ia me submeter a passar a faixa para esse atual mandatĂĄrio aĂ­", afirmou Bolsonaro, ao ser questionado sobre sua ausĂȘncia no evento. Dois dias antes da posse, em 30 de dezembro de 2022, Bolsonaro embarcou para os Estados Unidos e permaneceu no exterior por trĂȘs meses. A decisão, à época, foi interpretada como um gesto simbólico de não reconhecimento do resultado das eleições — que deram vitória a Lula no segundo turno, com 60,3 milhões de votos.

A declaração foi feita no contexto da ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. Segundo a Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR), Bolsonaro liderou um plano para impedir a posse do presidente eleito e manter-se no poder de forma inconstitucional. Minuta golpista e plano de atentado. A denĂșncia aponta que Bolsonaro teve ciĂȘncia e participação na formulação de uma minuta de decreto que previa estado de exceção, intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e até a prisão de autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes. O documento foi encontrado pela PolĂ­cia Federal na casa de Anderson Torres, então ministro da Justiça.

Além disso, a PGR incluiu na denĂșncia menções ao plano batizado de "Punhal Verde e Amarelo", que teria como objetivo assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Moraes. Segundo as investigações, Bolsonaro foi informado sobre a proposta, embora não haja, até o momento, provas de que tenha ordenado sua execução. Durante o interrogatório, Bolsonaro negou envolvimento direto com o plano e com a minuta. "Não existiu isso aĂ­", disse em outro trecho, ao rebater declarações de ex-auxiliares como Mauro Cid e Felipe Martins, que afirmaram que ele leu o documento e chegou a sugerir alterações.Reta final das investigações.

O depoimento desta terça-feira faz parte da fase final da ação penal que apura o suposto nĂșcleo polĂ­tico e militar envolvido na tentativa de golpe. Além de Bolsonaro, também foram ouvidos nomes como Anderson Torres, Augusto Heleno, Alexandre Ramagem e Almir Garnier. A expectativa é que os interrogatórios se encerrem até sexta-feira (13). O julgamento deve ocorrer no segundo semestre. Caso seja condenado, Bolsonaro pode pegar mais de 30 anos de prisão por crimes como associação criminosa, abolição violenta do Estado DemocrĂĄtico de Direito e tentativa de golpe.

Fonte: JP

Comunicar erro
Agro Noticia 728x90