O dólar fechou a R$ 5,76, maior nível desde março de 2021, sem ter tido uma pandemia. A doença agora é outra: o desenfreado gasto público. A alta do dólar decorre principalmente das incertezas fiscais. O governo fala em cortar gastos, mas não diz "quando". O governo fala em ajuste fiscal, mas não diz "como". Por enquanto, é tudo muito vago. Ficam apenas no campo das intenções.
Como a alta do dólar eleva a inflação, o governo terá que anunciar alguma medida fiscal em breve. Provavelmente, o corte de gastos será pontual, sem resolver as contas públicas de maneira estrutural. É muito improvável o governo mexer na regra de indexação das aposentadorias ao salário mínimo e na desvinculação de gastos com saúde e educação com receitas da União. Sem isso, não ajuste fiscal, e o dólar continuará pressionado.
Como não fazemos nossa lição de casa, resta torcer para o juro cair mais intensamente nos EUA. Porém, essa possibilidade é improvável com o mercado de trabalho americano aquecido, trazendo preocupações inflacionárias. Com esse cenário, o Banco Central americano (Fed) deverá cortar o juro de maneira menos intensa, mantendo os títulos de renda fixa com rentabilidade atrativa. Renda fixa em alta nos EUA eleva a demanda por dólares, pressionado a cotação da moeda norte-americana.
Outro fator que pode elevar ainda mais o dólar é a vitória de Trump. Sua política econômica tende a fortalecer a moda americana. Além das eleições, as tensões geopolíticas também contribuem para a valorização do dólar. Hoje, precisamos de R$5,76 para comprarmos 1 US$. Não está longe de o dólar bater R$ 6,00, principalmente com um governo que só visa arrecadar, gastar e não cortar gastos "na carne". O principal culpado pela alta do dólar é o governo federal com sua política fiscal expansionista.
Fonte: JP